domingo, 14 de setembro de 2008

Auto-análise

Não postado em 1 de abril de 2008:

"Coberto de razão estava um bolo na vitrine vista no meu caminho. Cobertura de delícias que a razão concorda serem boas pro meu paladar. Não comprei. Não comi. Salivei. Engoli. Como era de se esperar, chuviscou no meu guarda-chuva fechado, abri. Caminhei com mais pressa pra sentir menos frio e chegar antes do atraso. Não era o que eu queria, mas me atrasei. Silêncio, cara de tacho, foi mal aí. Amanhã o que hoje ocorreu não pode mais ser de novo, temos prazo, temos moral, temos horas do dia pra preencher com prolixidades, coisa e tal.
No meio dos raios de olhares incrédulos, desses que usam a arma de desejar mal pros outros como proteção para suas fraquezas, surge um suspiro. Como se dissesse mais do que as palavras ao vento, comuns do dia a dia. O suspiro disse "ta, tudo bem, não me defendo mais, vcs não podem me ferir porque não quero isso". E ficou um ar tão melhor de respirar e mais suspiros foram ouvidos e suspirados. Antes do tempo ser contado esperando passar mais rápido do que devia ser, todos foram saindo, falando pouco, sentindo a chuva, calculando menos, cobertos de emoção. Já do outro lado da vitrine, uma faca prestou-se ao serviço de dividir o que pertencia ao meu desejo, era de chocolate."

Passaram-se cerca de cinco meses, e fico feliz de notar que algo mudou em mim. Havia tanto julgamento enfadonho nesse meu olhar, julgando o julgamento alheio inclusive. Tento agora discernir e continuar observando depois concluir.
E bolo com cobertura, já não mais...rs