sábado, 27 de dezembro de 2008

Ouça: Dó-Mi


Enfim sós, eu e o ano velho que ta indo, por um instante veloz muito é relembrado e pouco lembrado. Vi e vivi, mas em algum lugar guardei, guardaram. Pra onde vão nossos passos carimbados no chão? Onde ficam guardados os abraços que recebi, os que doei? A vida onde é? É onde está?
Um dia eu li Clarice Lispector e talvez me arrependa, porque uma expressão dela me persegue, me vêm sempre a mente quando penso da vida: o instante-já. Mas pelo peso das lembranças e pelo cheiro do futuro, começo a perceber que a vida não é só o instante-já, é também o que foi e o que virá, a vida não é, está.
De qualquer maneira não dá pra treinar viver, não adianta depois de um erro, usá-lo como molde do fracasso e muito menos depois de um acerto copiar e colar. As coisas acontecem e as vezes não. A vida também é o intervalo, o intervalo inaldível como o melódico, este acontece na memória.
Talvez a vida seja vivida em partes: começa com a vontade do que acontecerá, depois o que acontece e finalmente o que aconteceu. A conjugação é pouco importante nos verbos, uso didático pra facilitar a comunicação, mas aí vem aquele "se tivesse acontecido", passados imperfeitos que talvez existam em outro lugar. E me perco nas palavras que tem boa vontade de me escrever.
Mas dessa ou de outras maneiras que sejam sentidas: vamos celebrar! Qualquer coisa, a capacidade de experimentar sentimentos e escolher como usá-lo, o humor melhorado principalmente, a nova visão das coisas, o amor, a fé, a dúvida, a música, a paz que tá lá dentro ainda, a possibilidade de organizar o tempo em pedaços pra contar e aquela sensação gostosa de poder começar de novo, de caderno novo.
Feliz 2009 para quem vive!