domingo, 5 de dezembro de 2010

Tim,


As vezes também me desmancho em pequenas borboletas e vou sumindo em direção a Lua.
Volto.
Mas algumas borboletas querem ficar por lá.

E fazem falta as danadinhas!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sem açúcar

O remédio era veneno

O rosto era de máscara

As palavras vazias de verdade

E o meu coração morreu

Querendo ser transplantado

Sinto tanta dor

Talvez porque não quis esperar a anestesia

Me cortei no tempo urgente

Esvazia esvazia

Nem que acabe essa dor

A dor acabaria

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quase um encontro com o eco

A lua de papel quase pegou fogo de manhã

Não teve uma nuvem se quer pra ajudar

Na vida toda nada tão igual ao que imaginou

Nos mínimos detalhes

Igual

Por isso não acreditou, olhou, confundiu-se e foi embora.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Luz de Miguel

Tendo o Sol como destino e origem
tendo a Lua como cavalo e sala de espera
me espera
e eu espero
ansiosa por te ajudar a esvaziar a mochila.
Com o conforto das margens da insanidade
cobertos de amor de cima à baixo
venerando com sorrisos de baixo à cima
brilha!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Letra em verso

Dormir ao som da chuva
Sem bota nem luva
É um sonho não ter hora para acordar

Em outro céu
enxugado
azul
de inverno ensolarado
Caminho sem ter pressa de chegar

Para isso os dias são eternos
Conjugar verbos antigos e modernos
Tentando fazer não existir a pressa de acabar.

(21/06/2010)

domingo, 13 de junho de 2010

Esculpindo a machadadas

Quando minha mão direita em unhas vermelhas
virou a página do seu conto percebi a minha
importância na sua vida.

Quando minha mãe, direita, em unhas vermelhas
virou a pagear-me com seu canto, percebi a mim,
imponência na sua vida.

Quanto tinha de indiretas nas "Velhas Centelhas"
ao virar a página? No seu conto percebi a mina
de riquezas da sua escrita.

Quanto menos mãos dirigirem em ruas envereadas
mais a página do seu conto perecerá à minha
incerteza se será lida.

Quando menos mãos direitas, em união vendidas
virem aplaudir o seu canto, perceberás a minha
relevância na platéia.

Quando temos as mãos dadas em união verdadeira
vemos apaziguar, como num canto, a
irrelevância da dureza da vida.

Conto, em minha mão direita, cinco unhas vermelhas
virando a página, quando esta
sem porte for lida.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Memórias eternas brilhantes

Nasci em 1978, morava num sítio. Tinha sempre galinhas, gatos e cachorros pela vida. Uma vez teve um coelhinho, era coelha, comia alface e outras folhas verdes. Um dia ela comeu (por engano, penso) outra folha verde que não podia ser comida por coelhos. Morreu então. Fiquei triste.

Uma vez de madrugada muita gente acordou e saiu na rua! Barulhos estranhos foram ouvidos. Eu, bem pequena, fui também pra rua, com meu pai. E vi grandes caixas (grandes, bem maiores que as caixas d'água que ficavam numa torre nos quintais) na cor prata. Não podíamos tocar. Disseram que era um balão (balão quadrado? tá me enganando! pensei) ou satélite (eu não sabia ainda o que ou para que servia um satélite) muita gente pensou mesmo que tivesse coisa de extraterrestre...acho que pensei isso também. Não seio que aconteceu depois.

Lembro da impressão que tenho do meu caminho de casa quando tinha 6 anos. O melhor caminho de todos. Naquele tempo voltar pra casa era realmente Para Casa. Não havia outros planos, não havia o pensar: o que vou fazer da minha vida ano que vem? Vou morar sempre aqui? Não, estava em casa. Eu só queria mesmo era brincar o dia inteiro e aprender logo a ler, pra saber o que os livros diziam.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lemniscata

Contudo somos gestos
reflexos de outros carnavais
cansados de dizer a mesma coisa,
alegorias do tempo que não se transforma,
mas muda tudo devagar e enfeitado de nós.

Com tudo o que vivemos,
caminhamos por aí, carregando e sendo carregados
porque fomos vividos por alguém também
que tem seu peso dos dias passados.

Conformados finalmente em algum lugar chegamos,
prontos em um forma já sem necessidade,
porque a mão que fez o gesto e a matemática que mostrou o tempo
vão reiniciar o processo sem precisar carregar bagagens.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Micróbvio

Já não é verão no meu país
que sol não há
sopra um vento vão
entre as cortinas
que querem desbotar

Há muita cor com fosco triste
esperando uma luz que agora não existe
mas voltará

Pra fazer do dia
um lugar
pra devolver o brilho
de quem olhar
um jasmim
e o seu perfume forma revelar
contornos, contorna
a noite e amanhece

-----------------------

Já não sinto frio
e meus pés podem tocar
o rio sozinho que a
chuva veio derramar

Imensidão
de olhos vivos
procurando um
motivo para iluminar
e vão achar

Pois quem caminha
percorre o solo
e mesmo só
quer dividir suas pegadas
que vão deixar na estrada
para quem chegar
e arco-íris depois da chuva.